Qual é o teu tempo?
- Daniela Barros
- 22 de jul. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 28 de jul. de 2020

Assistir à condecoração de Tom Moore pela rainha Elisabeth II, foi um momento de reflexão sobre a potência daqueles que tem o privilégio de chegar em idade avançada com esse vigor, disposição, garra, paciência e prudência. Tive a oportunidade de conviver com longevas, uma tia avó com 104 e a minha bisavó com 103 anos, ambas lúcidas e ativas dentro daquilo que o corpo permitia.
Somado a isso recentemente assisti a uma live com os terapeutas Maria Marta Xavier de Araújo e Donizete Hermínio de Souza com o título muito sugestivo “60 + um privilégio”. Voltar o olhar para o crescente público de indivíduos ditos “idosos” é abrir caminho para essa “nova geração ainda sem nome” que possui muita energia, experiência e capacidade de aprender coisas novas.
Esse é um período de transitoriedade, onde as forças físicas diminuem gradualmente e há a chance de fazer um balanço de possibilidades, ter escolhas, valorizando a atualidade dessa fase ressaltando a experiência adquirida, a sabedoria.
Enquanto estivermos vivos nosso cérebro está se modificando, se de um lado perdem-se neurônios ao longo da vida, sempre é tempo de criar novas conexões neurais. O cérebro é o órgão mais plástico que temos, através do processo de neuroplasticidade a todo o momento formam-se redes neurais que “armazenam” novos aprendizados. Quanto mais redes neurais ativas tivermos durante a vida, em especial na idade mais avançada, mais lentas se apresentarão as perdas cognitivas.
Para isso é importante ter propósitos, diários, semanais, mensais, anuais...compatíveis com a capacidade física e exercitar constantemente a flexibilização para aprender e executar tarefas inspiradoras, que gerem prazer. Esses desafios se traduzem em ser gentil para consigo e com os outros, fazer uma atividade física, executar nova receita, ler um livro sobre um assunto totalmente desconhecido, utilizar aplicativos em dispositivos digitais, praticar a espiritualidade, aproximar-se dos mais jovens, etc.
Finalizo questionando a conhecida frase “... no meu tempo era assim...”. Qual é o teu tempo? Se estás vivo, é agora!
Dicas para melhor viver com o passar do tempo:
- Ter um propósito por dia.
- Ler.
- Sugestão de filme “O Estagiário”.
Para saber mais:
- Guardini R. A aceitação de si mesmo: as idades da vida. Palas Athena. São Paulo, 1987.
- Velasques BB, Ribeiro P. Neurociência e longevidade: sobre o envelhecimento saudável e patológico. Rubio, Rio de Janeiro, 2018.
- Premiação de Tom Moore
Dr.ª Daniela Martí Barros
Pesquisadora, professora e palestrante
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