Cérebros dos primatas e cozinha: qual a relação?
- Daniela Barros
- 31 de mar. de 2021
- 2 min de leitura

O conhecimento na área de neurociências cresce exponencialmente. Em todo o mundo existe uma infinidade de grupos de pesquisa que dia após dia revelam novidades. A colaboração entre muitos desses grupos nos permite chegar a descobertas fascinantes.
Hoje sabemos que nosso cérebro tem aproximadamente 86 bilhões de neurônios, graças ao desenvolvimento de uma técnica de contagem de núcleos celulares desenvolvida pela pesquisadora brasileira Suzana Herculano-Houzel e seus colaboradores. Já os orangotangos possuem aproximadamente 30 bilhões de neurônios. Por que tanta diferença? Por questões evolucionistas sim, mas por quê? A questão é que o cérebro consome muita energia, numa relação de para cada 6 bilhões de neurônios o consumo diário é de 1kcal. Então em uma dieta de 2000 kcal/dia, mais de 500kcal vão só para manter o cérebro e o restante para manter todo o nosso organismo. Assim, a questão é que se um orangotango tivesse a mesma quantidade de neurônios que os humanos (somos todos primatas) eles precisariam se alimentar mais do que 8 a 9 horas por dia e ainda ter um corpo com no máximo 25 quilos. Não seriam orangotangos.
Então, onde está o “pulo do gato”? Acontece que nossos ancestrais os H.habilis há mais ou menos 200 milhões de anos “descobriram” o fogo e começaram a produzir ferramentas para preparar alimentos, depois o H.erectus cozinhava os alimentos e aperfeiçoou a cozinha e o H. sapiens ainda mais. A partir do cozimento dos alimentos somos capazes de digeri-los de forma que obtemos uma grande quantidade de energia, a qual é suficiente de suprir nossas necessidades calóricas cerebrais e do restante do organismo.
Somos os únicos animais que cozinham!!!
Para saber mais:
O que o cérebro humano tem de tão especial – Suzana Herculano-Houzel
Dr.ª Daniela Martí Barros
Pesquisadora, professora e palestrante
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